Onde está?

 Estive examinando cada pedaço da desordem instalada no meu coração. Senti vazios deixados, feridas expostas e cicatrizes. Procurei você por lá e não achei. Tentei puxar pela lembrança, mas encontrei apenas resquícios de pensamento, e não pude ouvir o som da sua voz.
  Por inúmeras vezes, desejei o que seria "o momento" de deixar tudo para trás. Esquecer o mal que passamos, deixar o passado no passado. Naqueles momentos, doía tanto, que parecia que eu iria sufocar. Era como se o ar se tornasse tão difícil de entrar pelos pulmões, quanto uma esperança de dias melhores em minha mente. O choro, por mais intenso que fosse, não sanava o corte deixado por dentro. Minhas lágrimas eram tão espontâneas quanto um sorriso de felicidade, porém ao contrário, pois vinham da minha dor. Machucou, muito, e porque eu acreditei em tudo que éramos, em todas as coisas que poderíamos ter sido, juntos. Enquanto eu sonhava, você me fazia de tonta, e eu permitia. Segui negando cada pista, todas as obviedades que perseguiram nosso relacionamento. Tudo o que eu queria era ser feliz, e compreendida, ser eu mesma. Pensei, tive certeza que você sentia o mesmo, ao meu lado. 
  Do alto de toda aquela alegria, fui arremessada no chão, talvez mais profundo que isso. Fiquei com uma ferida exposta por muito tempo, mas levantei e tentei seguir em frente. Consegui tentar com outra pessoa, sem sucesso, e outra vez, e outra, e mais outra. Como sempre, você estava lá. Em cada uma dessas histórias. E um dia, quando não havia mais ninguém, permiti outro envolvimento com você. Tanto esforço para nada! Foi só você me pedir um beijo, olhar nos seus olhos, para voltar para tudo de uma vez só. Te perguntei tantas vezes se havia mesmo me enganado tanto...Você negou todas elas. Eu me senti mesmo culpada, uma juíza que não deu chance de um julgamento justo e já te condenou. Senti tudo novamente, mas algo parecia ainda estar errado. Você teve coragem de ir, e me deixar sozinha, apodrecendo lá. 
  Vim para outra cidade, assim como você. Estou estudando, crescendo, morando sozinha! Até que vejo-me plena novamente. Revelando quem é, o que fez, comprova que não olhar para trás foi a melhor opção. Só consigo me perguntar para onde foi tanto sentimento. Onde está esse amor reprimido? Juro que não tem mais nada dentro de mim, além de pena. Dó de nós, de você sem mim, de você. Agora, de volta, com seu "oi", que significa "aindaestouemsuavida", só consigo pensar: por favor, se afasta, não vai me fazer ser aquela tola outra vez, sou outra, mudei! Melhoras para você também.