Dias Melhores

 Em sua cama, lutando contra a insônia e contando mais uma vez para si aquela história com final feliz, seu consolo para viver. Não que o sono não viesse, mas que junto com ele, também aparecesse uma vulnerabilidade mental, uma falha na capacidade de bloquear aqueles pensamentos mórbidos, aquela infeliz reflexão sobre sua trajetória. Religião era pouco, sua ligação com a força maior era estreita, e assim sendo, igualmente frágil. Era aceitar o seu destino ou desistir. O que fazer quando o que há para ser feito exige uma coragem maior do que a que se tem? E quis resistir, e sobrevive, e na batalha constante se confunde, exige demais e se esvai, aos poucos e vai, se tornando a pessoa que algum dia jurou nunca ser.