Lembrei daqui, de um espaço que não é físico, mas que é só meu. Que saudade ruim de um cantinho para viver minha solidão das tardes, dos dias, das noites, da minha existência... O único modo é me isolar no meu mundinho, inventar que sou feliz, que acredito nos sorrisos falsos, que gosto de estar com quem engulo e que minha presença é agradável, necessária. Sou quieta pois estou ocupada demais tentando domar a revolta dentro de mim para comentar alguma coisa que não soe confusa ou ríspida. Prefiro o silêncio das promessas não feitas, do desafeto não declarado e até mesmo a superficialidade. Hoje eu me enxerguei vendo outra pessoa, vi como me vêem quando vi como a viram, como me julgam quando olhei para seus rostos, como não tem sentido cultivar uma coisa tão asquerosa que não me acrescenta em nada. Era uma expressão nítida de falsidade. Epifania. Uma visão de tudo aquilo que eu condeno sendo feito pelas minhas costas. Hipocrisia. Me causa náuseas perceber isso com tanta clareza e ninguém mais o fazer. Pobre coitados, iludidos com sua mediocridade.